Introdução: O Novo Cenário Tecnológico no Varejo de Moda
Desde o surgimento do Chat GPT, a aceleração tecnológica deixou de ser uma promessa e imprimiu à humanidade um grande desafio, impactando a economia, a educação, as organizações e a vida humana de forma ampla. O varejo de moda, um dos setores mais dinâmicos do mercado brasileiro, não ficou imune a essas transformações.
A pandemia acelerou drasticamente a migração das empresas para o ambiente digital. Como consequência, as lojas de moda viram-se obrigadas a investir em automação e inteligência digital em todos os níveis. Muitas companhias tiveram de lidar com o fechamento de suas unidades físicas de forma abrupta, acelerando a adesão de tecnologias como meio de manter seus negócios funcionando.
Não se trata mais de “se” vamos utilizar a IA, mas de “como” iremos utilizá-la. E aqui está a tese central deste artigo: seus dados são um ativo valioso, e a preparação para a era da IA começa com o básico – organizar e entender esses dados.
Por Que Dados São “Ouro” na Era da IA para Lojistas de Moda?
As lojas de varejo já possuem à sua disposição bancos de dados que as permitem conhecer seus clientes com profundidade, bem como conhecer mais sobre elas mesmas. Este tesouro informacional, muitas vezes subutilizado, é a matéria-prima essencial para o funcionamento efetivo da Inteligência Artificial no setor de moda.
Segundo a NRF (National Retail Federation) 2025, estamos vivenciando a era do “varejo sob medida“. Neste novo paradigma, a IA torna-se o meio de personalização na comunicação, ofertas, promoções e composição de mix de produtos de acordo com a característica de cada consumidor.
Benefícios da IA Baseada em Dados para o Varejo de Moda:
- Centralização de dados de clientes
- Análise comportamental de consumidores
- Antecipação de preferências de compra
- Aumento de vendas e engajamento
- Identificação de padrões de frequência e sazonalidade
- Otimização contínua da experiência do cliente
O acesso às inovações tecnológicas tornou-se prioridade no varejo de moda. Seja por meio digital, físico ou phigital, as empresas que não se posicionarem de forma estratégica nos meios digitais estão eminentemente fadadas ao fracasso.
O Básico Essencial: Antes de Implementar a IA, Organize Seus Dados
Uma pesquisa realizada pela Aden (2025) e apresentada na NRF (2025) revelou um insight crucial: tudo começa antes da IA. A jornada para a implementação bem-sucedida de tecnologias inteligentes no varejo inicia-se com a coleta, organização e análise dos dados a partir dos diversos pontos de contato dos setores.
Caso de Sucesso: Levi’s e a Priorização de Dados
Na Levi’s, antes de desenvolver projetos com base em IA, o foco nos dois últimos anos foi aumentar o desempenho das operações de e-commerce. Ao focar as melhorias no que tinha impacto direto no comportamento do consumidor, a empresa conseguiu:
- Aumentar em 50% a velocidade de carregamento das páginas
- Melhorar o processamento dos pagamentos
- Elevar as vendas e a satisfação dos clientes
- Conhecer melhor os clientes através dos dados coletados
Apesar da disponibilidade de dados, constata-se que soluções guiadas por dados ainda não representam uma realidade para a grande massa representativa do setor de varejo de moda brasileiro, composto principalmente por micro, pequenas e médias empresas. Este é considerado um dos desafios mais relevantes e também o motivo do encerramento de muitas empresas por não se adaptarem a essa nova realidade.
Um dos principais obstáculos identificados pelo relatório CSG (2025) é o chamado “abismo dos dados” – a lacuna entre a quantidade de dados produzidos pelas empresas comparados à sua capacidade de agir sobre estes dados, considerada insatisfatória. A recomendação é clara: faça melhor uso dos dados, extraindo o máximo do que já está disponível.
Seja Pragmático na Adoção de IA para Lojas de Moda
Depois que o básico do trabalho de coletar, organizar e analisar os dados tenha sido realizado com cuidado, pode-se começar a avançar na adoção de ferramentas de IA para varejo, mas sempre com pragmatismo e clareza da necessidade de ajustes constantes.
A Estratégia “Rastejar, Andar e Correr” para Implementação de IA
O relatório CSG (2025) sugere a abordagem “rastejar, andar e correr” – comece aderindo e testando uma ferramenta por vez, buscando resultados rápidos. Implementar muitas ferramentas simultaneamente pode ser insensato e comprometer o sucesso dos resultados. Esta abordagem permite que o cliente se acostume com as interações sem criar objeções. Apressar o cliente, sobrecarregando-o com ferramentas, pode fazê-lo desistir de uma compra.
Na varejista de moda C&A, por exemplo, o uso de IA não é considerado um fim em si mesmo, mas uma forma de melhorar constantemente a relação com o consumidor. Eles deixam claro que o cliente importa e o colocam no centro desta experiência.
Mediante as vastas opções e contínuos lançamentos de IAs para o segmento de moda, mostra-se necessário criar estratégias que auxiliem nas escolhas de ferramentas alinhadas às reais necessidades e perfil de consumidor das marcas. Observa-se que as marcas de moda estão propensas ao uso das ferramentas com base em IA, seja na gestão, na experiência ou na personalização do consumidor. Contudo, existem muitas dúvidas sobre quais soluções, de fato, atendem as especificidades do modelo de negócio ou público-alvo.
Cuidados na Seleção de Ferramentas de IA para Varejo de Moda
Inicialmente, muitas soluções tecnológicas, quando em fase de lançamento, são gratuitas; porém, posteriormente, implicam em alto investimento e ajustes para tornarem-se funcionais. Portanto, buscar informações que auxiliem nas escolhas adequadas das soluções em IA disponíveis no mercado poderá resultar em economia de tempo e investimento para essas organizações.
Conectando Dados e IA para Melhorar a Experiência do Cliente em Lojas de Moda
Uma vez organizados e analisados, os dados podem alimentar soluções de IA que resolvem dores reais tanto do lojista quanto do cliente.
Uma pesquisa de campo ,Gomes (2024), revelou que 71,8% dos usuários acreditam que a IA poderá auxiliá-los em compras de e-commerce. As principais dificuldades relatadas pelos consumidores estão relacionadas às escolhas de modelagens, tecidos, texturas e numerações – fatores responsáveis pela maioria das desistências de compra online.
Soluções de IA para Problemas Comuns no E-commerce de Moda
A IA pode proporcionar níveis mais elevados de experiências aos usuários, bem como aprimorar as estratégias e gestão de dados. Aplicativos específicos para medidas e avatares de provas de roupas proporcionam aos usuários mais segurança e imersões experimentais envolventes, resolvendo as principais limitações relatadas.
Por exemplo, IAs como The New Back AI, Humanaigc, Closet 2 Tex e Revery AI representam a evolução em experiência baseada em IA proporcionada aos usuários. Essas ferramentas permitem que o usuário torne-se cocriador, escolhendo e editando seus próprios looks e inclusive provando em um avatar com feições que se pareçam com as suas.
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Segundo a Size Bay (2024), a personalização da experiência é um dos elementos mais importantes para gerar uma boa relevância que aumentará melhorará a retenção no e-commerce de moda. Essa personalização pode ser feita de diferentes formas, considerando os inúmeros pontos de contato entre o lead e sua marca.
Conclusão: Comece Hoje a Preparação de Dados para IA em Sua Loja de Moda
A proposta apresentada neste artigo procura elucidar as principais dificuldades dos lojistas de moda na adesão às ferramentas de IA e como superá-las começando pelo básico: os dados.
Seus dados são, de fato, ouro para a sua loja de moda na era da IA. A preparação eficaz começa com a organização e análise desses dados básicos, permitindo conhecer profundamente seus clientes e seu próprio negócio antes de avançar para tecnologias mais sofisticadas.
A pesquisa revelou que a maioria dos lojistas considera que as inovações em IA são excelentes alternativas para a solução de problemas comuns no varejo de moda, mas admite que ainda estão conhecendo e se adaptando às inovações. Há ainda uma longa jornada a ser percorrida e um campo bastante fértil a ser explorado.
Próximos Passos para Lojistas de Moda:
- Inicie a organização sistemática dos seus dados de clientes
- Identifique padrões de compra e preferências em seus registros atuais
- Estabeleça métricas claras antes de implementar qualquer solução de IA
- Teste uma ferramenta por vez, começando pelas menos complexas
- Priorize soluções que resolvam dores reais dos seus clientes
O uso adequado da IA, baseado em dados sólidos, resulta em agilidade nos processos e maior engajamento do consumidor em todas as etapas. Se no cenário contemporâneo notam-se limitações, o caminho é o aprendizado sobre a IA e os benefícios que podem proporcionar aos lojistas de moda quando implementados de forma assertiva e estratégica, podendo levá-los a um novo patamar em vendas.
Comece hoje mesmo, organizando seus dados. O futuro do varejo de moda depende da congruência entre a tecnologia, o consumo e a experiência humana.
Você está preparando sua loja de moda para a era da IA? Compartilhe suas experiências nos comentários abaixo!